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Por Antônio Roberto Gerin

Deputado tem mulher? Ou esposa, como queiram.

Quem assistiu à votação pela admissibilidade do impeachment da senhora presidenta do Brasil, ocorrida num domingo, dia 17 de abril de 2016, pôde entrar em íntimo contato com os três louvores que dão sustentação à moral cívico-religiosa brasileira. Louvor a Deus, primeiramente, à pátria, em que pese que há dúvidas, e, por fim, à família. E é neste último louvor que eu quero me deter um pouco e, com isto, tentar responder à pergunta inicial.

A minha amostragem dos votos chega, no máximo, aos últimos 350 votos dos 513 possíveis, a que assisti, quando pude verificar que dentre todas as invocações à família, feitas, de preferência, pelos deputados a favor do impeachment, conta-se nos dedos da mão direita, salvo engano, a quantidade de deputados que, além de fazer o que quase todos fizeram, isto é, invocar os ascendentes (pais e avós) e/ou os descendentes (filhos e netos), referiram-se também à sua digníssima esposa. Os números me levam a crer que a maioria dos deputados ou não têm mulher ou acham que para se constituir família não precisa, em momentos delicados da história brasileira, louvar a sua esposa. O que se viu no plenário foi a demonstração de que o que prevalece é a família patrimonial. Como nos velhos tempos, quando a mulher não tinha direito à herança e era vendida mediante oferta de dote.

Hoje não me parece tão diferente, pelo menos pelo que se viu na arena política. A mulher continua tendo dificuldades em ocupar seus espaços. À despeito da lei de herança que a protege, o macho se comporta em relação à mulher como se ela fosse um penduricalho vaginal nos momentos de diversão (dele), e penduricalho umbilical nos momentos de perpetuar o patrimônio (dele). E mesmo num momento especial como este, na grande festa da democracia, ocorrida naquele domingo, à mulher foi recusado qualquer protagonismo, sequer o de companheira. E mais. Uma festa em que se comemorava a defenestração de uma mulher, símbolo, nos parece, de luta dura e inglória, luta esta a que está sujeito, diariamente, um número bem significativo de mulheres brasileiras.

Em suma. O que aconteceu nas declarações de voto de inúmeros deputados — não se trata aqui da questão do voto contra ou a favor — é uma triste radiografia da imagem ofuscada, borrada e censurada da mulher como parceira do próprio marido no cotidiano de vinte quatro horas por dia. Haverá sempre momentos (especiais) no dia a dia em que o homem negará a sua mulher. E nossa conclusão hipotética, pelos comportamentos masculinos no plenário da Câmara, é a de que a maioria dos homens deputados brasileiros não tem mulher. E nem pode ter presidenta.

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Por Antônio Roberto Gerin

O Analisador de Conteúdo é uma máquina poderosí­ssima, adquirida pela Assisto Porque Gosto para fazer análise de conteúdo de materiais diversos, de origem desconhecida.

Segundo a análise do Analisador, o pincel mostrado na foto acima pertenceu ao pintor desconhecido Jean-Jean Lefébre, morto em Paris, em agosto de 1898, às portas do Moulin Rouge. O pincel, hoje em exposição no Quai D’orsay, é alvo de curiosidades, sobre o qual se contam as mais estapafúrdias versões. No entanto, o Analisador traz para você a verdadeira versão dos fatos.

Foi com este pincel que Jean-Jean, casado com Marie, pintou Valéry, jovem boêmio e aristocrata, por quem Marie se apaixonou assim que viu o retrato mostrado a ela pelo apaixonado marido Jean-Jean, que, abandonado por Marie, trocado pelo outro, destruiu o quadro, sua obra-prima, e depois, a própria vida, em frente ao Moulin Rouge. Dizem – tem que ser comprovado – que Toulouse Lautrec teria presenciado o auto-suicí­dio do amigo pouquí­ssimo conhecido.

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