Os Fuzis da Senhora Carrar

Quando o povo precisa reagir

Por Alex Ribeiro

Os Fuzis da Senhora Carrar é uma peça de Bertolt Brecht que se passa durante a Guerra Civil espanhola, em 1936. Narra o momento em que a guerra se aproxima da casa da família Carrar.

Não querendo que os filhos tenham o mesmo destino do pai, a Senhora Carrar insiste para que eles não vão para a linha de frente, combater as tropas do general Franco. O filho mais velho, ela manda ir pescar, enquanto o mais novo fica com ela, em casa.

A vizinhança exerce um papel de pressão sobre a casa dos Carrar, cujos homens – os dois filhos – são os únicos que não partiram para a batalha. Mesmo a figura do Padre, que é contrário à ida à guerra, não consegue mostrar forte oposição ao comportamento da vizinhança. A chegada do Operário, irmão da Senhora Carrar, para buscar os fuzis do falecido cunhado, deixa o clima ainda mais tenso para a matriarca.

Todo o discurso de paz e não luta da Senhora Carrar cai por terra quando o filho mais velho é assassinado gratuitamente por tropas do general Franco enquanto  pescava. Nesse momento, até ela, partidária da paz, pega em armas.

O que será que Brecht quis dizer? Que não há como fugir da violência? Talvez não seja bem por aí, já que sabemos que sempre há caminhos para se evitar a violência. Apostaria, portanto, na hipótese de que ele quis mostrar que um governo tirano não mede esforços para se manter no poder, mesmo que para isso custe arrasar o país e subjugar o seu povo. Nos desmandos do poder, o povo é apenas um detalhe e se esse povo não se mover, será aniquilado. Algo que se encaixe no quadro atual do Brasil? Todos nós já percebemos.

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Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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