O Sangue que Aduba a Terra

Por Alex Ribeiro

Nasceu dos barros das Gerais
Ninguém sabe de seu pai
Nem de onde vem o seu sangue
Que por certo foi derramado
Nos engenhos do Brasil.

Atravessou estradas de café
Plantando feijão, milho e arroz
Cuidou do gado sendo ele também gado.

O homem, o boi, uma vida desgarrada
Adubando com sangue a terra sagrada
Que perpetua o dono, o Senhor,
Que ganha tudo sem fazer nada.

Assim vai tecendo as suas raízes
De vidas curtas, boia fria e olhar perdido.
No horizonte deposita esperança
Pés no chão, é grande a distância
Dorme cansado no seu colchão de palha
Levanta também cansado na madrugada
Veste o trapo, pega a enxada e vai dar vida
À terra que te espera.

Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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