O Avaro

Por Alex Ribeiro

O Avaro é uma comédia de Molière, datada de 1668. Conta um recorte da vida de Harpagão, um avaro famoso por restringir até mesmo os filhos de gastarem qualquer mínima quantia do seu dinheiro.

Molière foi ousado ao fazer uma comédia de cinco atos, toda ela escrita em prosa, coisa difícil para a época, onde costumavam serem feitas em versos, mas o espectador não se entedia, pois Harpagão é um daqueles personagens com quem a plateia fica o tempo todo conectada, querendo descobrir o seu próximo passo e poder dar boas risadas com ele.

Harpagão se vê numa confusão entre a vontade de ver seus filhos casados e a vontade de ver ele mesmo casado. Mas a confusão está mesmo na situação em que os pretendentes ou são comuns ou de certa forma estão interligados por laços familiares. Turrão, ele quer que seja feita, acima de tudo, a sua vontade, e desde que não mexam em seu dinheiro.

O ponto alto da comédia é quando lhe subtraem o dinheiro. Aí ele se revela em toda sua mesquinharia absurda e não menos engraçada. Tudo podemos, desde que não me custe nada! Salvem meu dinheiro!

Como sempre, o teatro não deixa de nos fazer olhar para nossa realidade, e nos fazer refletir sobre ela. Essa comédia não se faz diferente. Quem entra em contato com Harpagão, pode ver nele, refletidos, inúmeros personagens do nosso cenário político-social, sobretudo uma classe média odienta. Mas, ao contrário de nosso personagem, eles não nos fazem rir, pelo contrário, desperta em nós o asco que só a história vai saber dimensionar.

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Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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