Epílogo Noturno

Por Alex Ribeiro

Ah, como posso suportar isso?
Saber do fim, antes que o fim de fato aconteça
Passar esses minutos intermináveis
À espera do silêncio…

Os meus olhos querem chorar
E minhas costelas parecem espremer o peito
Pra arrancar de mim um grito lancinante
Como se a alma se rasgasse num instante

Não quero me despedir
Quero ficar
Por mais que a noite me cegue
Quero esperar que o sol me amanheça

Mas nada disso me levanta
Nada disso me resguarda da tua lança
Não me salvas, não te importas
E me deixas desabar no relento

Oh lua, minha companheira
És testemunha de tudo o que digo
Só tu me conheces inteiramente nu
Só tu sabes ouvir o silêncio

Diga-me quando é que tudo termina
Diga-me quanto tempo resta
Se o adeus é mesmo inevitável
Se a dor vai chegar ao fim.

Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

Deixe um comentário