Por Alex Ribeiro
Quando cresci vi o mundo
Através de uma fresta de luz
Do escuro via possíveis cores
Talvez um arco-íris.
Às vezes por piedade divina
Ou coincidência dos astros, talvez
Um raio de sol me despertava o sorriso.
Uns anos mais tarde saí do escuro.
Diziam: busque seu lugar ao sol
E num rompante resolvi abrir
As janelas e portas da vida.
Tudo era imenso e eu
Um jovem que não batera ainda as asas
Me senti pequeno e indefeso.
Tal mundo não espera por nós
Continua girando no passo apressado
Das pessoas que seguem, mesmo perdidas
E eu também segui.
Descobri que o sol ilumina,
Mas o céu é para poucos
E minhas palavras se tornaram mudas
Para tantos ouvidos surdos
Que passaram por ocasião do destino
Ou coincidência divina.
Parecia que havia uma força superior
Abençoando primeiro o alto escalão
Enquanto nós, aqui em baixo,
Esperávamos gotas de misericórdia.
Haveria de surgir algum salvador
Alguém que colocasse tudo em ordem
Aquele que entenderia todos os medos
Angústias e injustiças
Que nos arrepiam só de ouvir.
Um herói vindo das histórias infantis
Ou de uma coincidência retórica.
Mas um dia sentado sobre um livro
Bandeira deu a dica absurda
O homem é um bicho abandonado
Que devora as sobras de esperanças
Vendidas nas telas de cinema ou smartphones.
Tudo fez sentido
A esperança é um sentimento que sangra
Ou uma coincidência poética.