Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Jackson Melo

Enquanto todos festejam
Ele entra pro seu quarto
Dá as costas pro mundo

Leva consigo
Papel, caneta
E um coração em pedaços
Ele não precisa de mais nada

Os outros
Embriagam-se
Escondem seus anseios
Festejam a falsa felicidade
E ele escreve

A cada verso
Uma dose
Do seu próprio remédio

A vida passa
As pessoas se vão
Mas enquanto lhe restar
As suas palavras
Ele estará bem

Sofrendo e escrevendo
Mas bem

Sabendo em seu íntimo
Que ele sempre será
O poeta solitário.

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Por Alex Ribeiro

Nasceu dos barros das Gerais
Ninguém sabe de seu pai
Nem de onde vem o seu sangue
Que por certo foi derramado
Nos engenhos do Brasil.

Atravessou estradas de café
Plantando feijão, milho e arroz
Cuidou do gado sendo ele também gado.

O homem, o boi, uma vida desgarrada
Adubando com sangue a terra sagrada
Que perpetua o dono, o Senhor,
Que ganha tudo sem fazer nada.

Assim vai tecendo as suas raízes
De vidas curtas, boia fria e olhar perdido.
No horizonte deposita esperança
Pés no chão, é grande a distância
Dorme cansado no seu colchão de palha
Levanta também cansado na madrugada
Veste o trapo, pega a enxada e vai dar vida
À terra que te espera.

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Por Jackson Melo

Na noite sombria
Me deito
E em meus sonhos
Vejo uma menina, mulher

Cabelos longos e escuros
Que cobrem teu rosto
Mas não disfarçam as tuas lágrimas
Que brotam em meio à tristeza

Olhos de um amor oprimido
De uma pureza roubada
De uma vida
Não vivida

Vejo sonhos aprisionados
E guardados
Por uma dama sem rosto

Enquanto todos têm medo
De tua aparência sombria
Através dos teus cabelos
Eu vejo teus olhos, feridos
Refletindo todo meu amor
Que explode em meu peito.