Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

Tantos porquês a vida traz
Que nos sentimos desorientados
Não entendo como a vida funciona
Entendo apenas de sonhos

Sonhar é ter no horizonte a chegada.

Há sonhos que nos pedem
Que exigem de nós uma exclusividade
Para mim o sonho tem vida própria
O sonho exige ser sonhado.
Mas existe em nós uma teimosia
Que resiste
Persiste
Em deixar o sonho de lado, é adiado
Encerrando nossa paz.

Seria medo o que nos impede?
Em suas imensas grades douradas?
Que nos promete uma vida segura
Uma vida sem viver nada
Uma vida toda errada.

E com medo vamos correndo o risco
De amarelar o sonho sonhado
De viver o sonho comprado
E dormir, toda noite, abraçado
No travesseiro da culpa.

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Por Jackson Melo

Acordei neste mundo
Mas não pertenço
A este lugar

Eu não sabia
Que o amor havia partido
E toda magia da conquista
Se desfez

Todo encanto
Do desejo
Transformado
Em avareza

Aquela boa conversa
A troca de olhares
Já não existe
Avanço tecnológico?
Ou recusa dos sentimentos?

E os carinhos…
Abraços e carícias
Momentos infinitos
De puro diálogo corporal

Perderam-se no tempo
Tempo
Que não volta
Tempo
Sem volta

Que saudade
Do meu mundo
Que saudade
Do meu tempo

Aquele tempo
Em que cada momento compartilhado
Era único
De valor Inestimável

Agora só me resta uma certeza
Acordei neste mundo
Mas não pertenço
A este lugar.

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Por Alex Ribeiro

Quando cresci vi o mundo
Através de uma fresta de luz
Do escuro via possíveis cores
Talvez um arco-íris.
Às vezes por piedade divina
Ou coincidência dos astros, talvez
Um raio de sol me despertava o sorriso.

Uns anos mais tarde saí do escuro.
Diziam: busque seu lugar ao sol
E num rompante resolvi abrir
As janelas e portas da vida.
Tudo era imenso e eu
Um jovem que não batera ainda as asas
Me senti pequeno e indefeso.

Tal mundo não espera por nós
Continua girando no passo apressado
Das pessoas que seguem, mesmo perdidas
E eu também segui.

Descobri que o sol ilumina,
Mas o céu é para poucos
E minhas palavras se tornaram mudas
Para tantos ouvidos surdos
Que passaram por ocasião do destino
Ou coincidência divina.

Parecia que havia uma força superior
Abençoando primeiro o alto escalão
Enquanto nós, aqui em baixo,
Esperávamos gotas de misericórdia.

Haveria de surgir algum salvador
Alguém que colocasse tudo em ordem
Aquele que entenderia todos os medos
Angústias e injustiças
Que nos arrepiam só de ouvir.
Um herói vindo das histórias infantis
Ou de uma coincidência retórica.

Mas um dia sentado sobre um livro
Bandeira deu a dica absurda
O homem é um bicho abandonado
Que devora as sobras de esperanças
Vendidas nas telas de cinema ou smartphones.
Tudo fez sentido
A esperança é um sentimento que sangra
Ou uma coincidência poética.