Categoria: Poesia

Por Jackson Melo

Tanta coisa pra dizer
Mas a gente
Não quer falar

Infindáveis problemas
E os corpos
Não se deixam ter atenção

Nessa noite fria
Lá fora
Aqui dentro
Ardente paixão

O toque
Compartilhado
A chama acesa do amor

Dois amantes
Dois rascunhos
A cada beijo
Um verso escrito
Do desejo proibido.

Por Alex Ribeiro

Esses dias um rapaz
Sentado numa varanda qualquer
Teve a lembrança feliz
Do tempo em que era menino

E era como se a vida voltasse
Uns tantos anos atrás
Chamando o menino pra roda
Pra junto dos amigos, dos vizinhos
Num lugar do interior do Brasil
No interior do seu eu, em essência,
Tenro, simples, intenso.

Ali tudo era imensamente belo
Não havia dias estressantes
Nem noites inoportunamente sem fim

As pessoas, os bichos, os prédios
Eram extraordinárias criações
De um universo imaginário e real
Próprio de quem ainda sonhava meninices

Um amigo ali lembrado
Era outrora o melhor amigo que se podia ter
Tudo era melhor, tudo era divino
E fazia sentido
O menino era o que devia ser
E era lindo…
O menino era, divinamente,
Ele mesmo.

Por Jackson Melo

Ando pelas ruas
Ruas de uma sociedade
Que me traz nojo
E vergonha

A cada esquina vejo
Um rosto diferente
Mas todos
Da mulher

Abusada
E julgada
Por esta sociedade
Que é culpada
Pela invasão
Do seu íntimo

Não nasceu
Pra ser comprada
Usada
Ou descartada

Veio pra viver
Pra se apaixonar
Amar
E ser amada

Tudo que ela quer
É ser dona do seu querer
Da sua vontade

E numa época
De tanta evolução
Ainda tem que lutar
Pela sua liberdade

Pra não ser escravizada
Oprimida
E humilhada

Ando pelas ruas
Numa época
Onde a sociedade
Conquistou mil coisas
Mas nestas ruas
Não ouço passos de mulher.