Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

“Quem com ferro fere
Com ferro será ferido”
Na terra dos poetas é diferente
Lá se vai mais fundo na alma da gente

Se te beijo com os olhos
Se te conheço com os lábios
Se a pele arrepia ao som da tua voz
O peito delata o suspiro desses nós

Se minha companhia te basta
Se meu beijo quente é libido
Se meu toque calmo é preciso
Ou se só a presença já é suficiente
Ah, não te acanhes
Venha pro aconchego dos meus versos
Pois, se com amor tu te ofereces
Com amor serás recebida.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Jackson Melo

Caminho pela rua
Na noite sombria
Sem destino
Sem esperança

Caminho pela rua
À procura do cansaço
Porque a tristeza
Não me deixa dormir

Só a sombra é companhia
Os amigos e a família
Me deram as costas
E quando adentro a escuridão
A sombra também me deixa

Avisto uma ponte
Ela me chama
Com uma canção suave
E tranquila

Olho para o rio que corre abaixo
Vejo toda minha vida em segundos
Minhas lágrimas indicam
Que já é hora de partir

Pulo em direção ao último vôo
E sozinho vou de encontro ao descanso
A resposta pra minha dor
Meu último e tranquilo sono.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

O Rei da Vela é uma peça de Oswald de Andrade, escrita em 1937. Conta a história de um usurário de nome Abelardo I. Ele enriquecera através dos empréstimos a juros altos que fazia para o povo, numa época de crise no Brasil.

Abelardo é um defensor nato da burguesia, do capitalismo e da manutenção das diferenças entre as classes sociais. É implacável no momento de cobrar suas dívidas, e não mede esforços para enriquecer mais ainda. Porém, precisa se casar com Heloísa, uma mulher de família falida, mas que ainda mantém o prestígio político que interessa a Abelardo.

No segundo ato, Abelardo passa a manter toda a família de Heloísa que, além dos pais, conta com os dois irmãos, uma tia e um primo. Ele flerta com a mãe e a tia, zomba dos irmãos e é extorquido pelo primo da namorada. E, para aumentar a confusão de relações que se estabelecem, deixa que sua namorada flerte com um americano, com o qual pretende fazer bons negócios.

Por fim, Abelardo se vê falido, seu funcionário aplica-lhe um golpe bem dado, deixando o Rei da Vela de mãos abanando. O funcionário, que também se chama Abelardo, fica com tudo. Com o dinheiro, o escritório, a mulher, os negócios… Por mais que pareça trágica, a peça traz, desde seu início, um humor ácido.

Ao que me parece, Oswald consegue trazer nos personagens uma bela caricatura de parte da direita brasileira, que parece manter, obstinadamente, nos dias de hoje, as mesmas características daquela época, mesmo passados oitenta anos. Nota-se um certo complexo de vira-lata, com a supervalorização do norte americano, já chamado aqui (1937) de imperialista, o indisfarçado horror aos pobres e às suas conquistas sociais, bem como a exaltação dos juros altos e o enriquecimento a partir deles. A sensação que fica é que o Brasil passa por ciclos, e mesmo indo para frente e progredindo, nos parece ser sempre o mesmo. Se fosse escrito hoje, esse texto não estaria desatualizado. Estaríamos nós condenados a ser assim sempre?

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.