Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

O Avaro é uma comédia de Molière, datada de 1668. Conta um recorte da vida de Harpagão, um avaro famoso por restringir até mesmo os filhos de gastarem qualquer mínima quantia do seu dinheiro.

Molière foi ousado ao fazer uma comédia de cinco atos, toda ela escrita em prosa, coisa difícil para a época, onde costumavam serem feitas em versos, mas o espectador não se entedia, pois Harpagão é um daqueles personagens com quem a plateia fica o tempo todo conectada, querendo descobrir o seu próximo passo e poder dar boas risadas com ele.

Harpagão se vê numa confusão entre a vontade de ver seus filhos casados e a vontade de ver ele mesmo casado. Mas a confusão está mesmo na situação em que os pretendentes ou são comuns ou de certa forma estão interligados por laços familiares. Turrão, ele quer que seja feita, acima de tudo, a sua vontade, e desde que não mexam em seu dinheiro.

O ponto alto da comédia é quando lhe subtraem o dinheiro. Aí ele se revela em toda sua mesquinharia absurda e não menos engraçada. Tudo podemos, desde que não me custe nada! Salvem meu dinheiro!

Como sempre, o teatro não deixa de nos fazer olhar para nossa realidade, e nos fazer refletir sobre ela. Essa comédia não se faz diferente. Quem entra em contato com Harpagão, pode ver nele, refletidos, inúmeros personagens do nosso cenário político-social, sobretudo uma classe média odienta. Mas, ao contrário de nosso personagem, eles não nos fazem rir, pelo contrário, desperta em nós o asco que só a história vai saber dimensionar.

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

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Por Jackson Melo

Olho o teu sorriso
De malícia
E teu olhar
Que me desnuda

Tocando em meu íntimo
Invocando meus desejos
Mais ocultos
De me levar no teu prazer

Quero pintar cada traço
Do teu corpo
Ler cada verso
De tuas curvas

Quero me perder
No infinito
Da delícia
Dos teus beijos

Unir o calor dos corpos
E fazer dos abraços
Chamas ardentes
De paixão.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

O Bem Amado é uma peça de Dias Gomes, escrita em 1962. Conta os dias de governo do prefeito de Sucupira, uma cidade fictícia situada na Bahia, o bem amado Odorico Paraguaçu.

Odorico se elege prefeito com a promessa de construir o cemitério municipal, para que os seus concidadãos possam ser enterrados em sua terra natal e não terem que ser transportados para o campo santo de outra cidade.

Assim ele consegue se eleger e não mede esforços para que o campo santo seja construído. Usa todos os recursos da cidade, deixando a prefeitura endividada. Construído o cemitério, Odorico promete a inauguração com o primeiro enterro, e aí se dá o problema: ninguém morre em Sucupira.

Com a oposição no seu pé, Odorico sai numa busca desenfreada por um defunto, trás pra cidade um doente desenganado, um matador dos mais terríveis, mas nada disso resolve.

Há um humor muito bem construído em torno do personagem de Odorico, um dos mais fantásticos do teatro brasileiro, fruto da habilidade incontestável de Dias Gomes. Porém, quando olhamos pelo prisma da nossa política, vemos que há nele o retrato das nossas pessoas públicas, desesperadas em se manter no poder, custe o que custar. Temos a nossa frente hoje outro desesperado, que coloca o país em liquidação, distribui entre os seus o que retira dos oprimidos. Só que ao contrário do carismático Odorico, ele não é nada bem amado.

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