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Por Leivison Silva

Yerma é uma peça em três atos, escrita em 1934 pelo poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936). Apresentada pela primeira vez já em 1934, Yerma faz parte da chamada “trilogia rural”, ou “trilogia dos dramas folclóricos”, do autor, que inclui também as obras “Bodas de Sangue” e “A Casa de Bernarda Alba”.

A peça é ambientada na Andaluzia e conta a história de Yerma, uma mulher que vive num mundo rural e fecundo, mas que ainda não conseguiu gerar uma vida em seu ventre. Ela é casada com Juan e sofre com o fato de o casal ainda não ter filhos. Yerma é uma das poucas mulheres casadas da vila que ainda não conheceu a maternidade. No entanto, Juan, apesar de ser um homem honesto e trabalhador, é indiferente à angústia de sua esposa, mantendo-a confinada num casamento sem amor, apenas como uma satisfação moral para a sociedade.

Enquanto isso, Yerma passa o tempo na janela, costurando o enxoval para o bebê de sua amiga Maria, ao mesmo tempo em que convive com Vítor, um amor do passado. Apesar da vigilância do marido e das duas cunhadas, que passam a morar na mesma casa que o casal, Yerma tenta, ao longo da narrativa, tudo o que pode para gerar uma vida, trilhando um caminho que a levará à tragédia.

A busca de Yerma pela maternidade é atravessada por coros de lavadeiras, de homens e de mulheres do povo, além de rituais de fertilidade. Desta forma, Lorca brilhantemente faz Yerma dialogar com as tragédias gregas, em especial aquelas escritas por Ésquilo e Sófocles. A diferença é que nas tragédias gregas dos dramaturgos citados o trágico vem de uma intervenção divina, como um castigo, enquanto que nas tragédias modernas, o trágico é algo intrínseco à alma humana.

Yerma é um belíssimo drama lírico, no qual Lorca aborda a questão da esterilidade de um casal, sob o ponto de vista feminino, desmascarando assim a opressão milenar que a sociedade patriarcal faz sobre as mulheres, em especial às estéreis, para cumprirem o “dever sagrado” da maternidade, quando sabemos que ser mãe é, ou pelo menos deveria ser, uma realização pessoal de cada mulher. E mais do que isso! Em Yerma, Lorca fala, de maneira poética e simbólica, da tragédia e da frustração de todos aqueles que não conseguem realizar seus sonhos, seja por medo do desconhecido, seja por ignorância ou, ainda, por causa das pressões sociais. Esta é uma das razões pelas quais Yerma tem-se eternizado nos palcos. Por colocar em cena uma angústia tão conhecida de todos nós, que é a dor de não termos conseguido realizar nossos sonhos e a frustração de termos que conviver com isto.

Em suma, caros leitores, Yerma é uma bela e tocante obra prima do teatro mundial, que vale muitíssimo a pena ser lida, assistida e encenada, para que não caiamos na esparrela de deixar nossos sonhos esquecidos numa gaveta qualquer da vida.

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Por Alex Ribeiro

Democracia, Rosa menina
Frágil ainda
Nascida da dor
Das feridas desse Brasil

Democracia, ainda que imprecisa
Floresce a utopia
De que há de se ouvir
A voz da gente sofrida

Democracia, ainda imperfeita
E não há extrema direita
Que me convença
De podá-la como sentença

Democracia, minha roseira
Ainda que há em ti espinhos
Não abandono seus caminhos
Nossa flor verdadeira.

Democracia, minha flor, minha roseira.

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Por Jackson Melo

Me leva daqui
Pra onde o teu sorriso
Me faça esquecer
Os problemas que me cercam

Me leva daqui
Pra onde os teus olhos
Se façam espelho
da minha alma

Me leva daqui
Pra onde os teus braços
Se façam morada do meu sossego

Me leva daqui
Pra onde a tua paz
Conforte o sofrer
Do meu ser

Me leva daqui
Pra onde quer que tu vá
Que seja por pouco tempo
Mas me leva contigo
Pra que meu coração
Se alegre mais uma vez.