Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Jackson Melo

Outra noite ela veio
Tão bela, esbanjando seus encantos
Fitou o olhar no meu
Sorriu e o beijo aconteceu
Nenhuma palavra foi dita
Os corpos pediram
E partimos para o deleite do prazer

O raiar do dia me desperta
Me viro na cama
E ao meu lado você não está
Será que tudo não passou de um sonho?
Ou a dona do meu desejo
Partiu no cair do meu sono?

A solidão me preenche…
Aperta meu peito
Mas o sofrimento logo passa
Sua falta é rotineira
E meu coração
Masoquista
Volta ao ciclo
De te querer e não te ter.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

Há um prato servido
Na mesa do brasileiro
Há um prato com aspecto grotesco
Com sabor indesejável
E cheiro apodrecido
Que sou obrigado a comer.

Há um governo estabelecido
Ao povo brasileiro
Há um governo com ações obscuras
Em desserviço de sua gente
Matando as suas esperanças
Roubando meus direitos.

Há um copo com veneno na mesa
Há um governo sem governo no palácio
Há muita gente insatisfeita
Há muita gente enganada
Há um sorriso no lábio alheio
De quem serve a mesa e enche o copo
Um sorriso de mal feito.

Publicado em Categorias Cinema, Cultura, Literatura, Resenhas

A vida é maior que a morte

Por Antônio Roberto Gerin

O ALUNO, direção de Justin Chadwick, EUA/Grã-Bretanha/Irlanda do Norte (2010), é um filme para lá de comovente. Ele relata a história de um homem que começa a ser alfabetizado aos 84 anos. Só com esta informação já dá para perceber o tamanho do filme. Trata-se de Kimani N’gan’ga Maruge, que lutou pela independência do seu país, foi preso e torturado, mas agora, vivendo em um país livre, o Quênia, e após ouvir um discurso em que seu presidente lança o programa “Educação para todos”, decide se matricular numa escola infantil, isso mesmo, um senhorzinho analfabeto de 84 anos estudando com crianças de seis e sete anos e, a despeito dos contrários, e das dificuldades iniciais, não teve quem o fizesse desistir da inusitada ideia de se alfabetizar.

A partir de sua decisão, inicia-se a via-sacra do senhor Maruge (Oliver Litondo). Não podia ser diferente. A comunidade, homens principalmente, fica indignada com a atitude ousada do velhinho. E com inveja quando a imprensa e o governo começam a paparicá-lo. Fazem de tudo para impedir que Maruge se matricule. Mas ele não se entrega, não se abala, mantém-se firme na sua decisão de se alfabetizar. É nesta persistência do homem que passou a vida lutando que reside a graça do filme, com sua singeleza, a bela fotografia, roteiro que flui, atuação esplendorosa de Oliver Litondo e da bela Naomie Harris, no papel da professora Jane Obinchu, que passa a dar atenção àquele senhorzinho a quem fora recusado o pedido de se matricular na escola em que ela leciona. Dada a insistência e a determinação de Maruge, a professora acaba por aderir à sua causa e o coloca dentro da sala de aula, sob o risco de comprar brigas. Diante da comovente atitude daquele homem, ela logo percebeu que valia a pena lutar por ele.

Esta é uma história real, o que a torna mais pungente do que se fosse apenas inventada. Este homem existiu, é histórico, sua graduação escolar acabou tendo repercussão, primeiro nacional, e depois internacionalmente, chegando ao ponto de Maruge ser convidado a discursar na ONU sobre suas experiências.

O filme vale por si só, e traz um leque de lições infinitas, onde cada espectador pode compor sua cartilha sobre a importância, primeiro, de lutar por um sonho e, segundo, o mais aparente, entender a importância da educação para qualquer país que queira firmar sua identidade no cenário mundial. Com certeza Maruge, com sua atitude, percebeu que o futuro do Quênia passava pelo caminho da escola. Fica aí a bela lição. A vontade de viver a vida só termina quando se morre.

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