Bem Amado

Por Alex Ribeiro

O Bem Amado é uma peça de Dias Gomes, escrita em 1962. Conta os dias de governo do prefeito de Sucupira, uma cidade fictícia situada na Bahia, o bem amado Odorico Paraguaçu.

Odorico se elege prefeito com a promessa de construir o cemitério municipal, para que os seus concidadãos possam ser enterrados em sua terra natal e não terem que ser transportados para o campo santo de outra cidade.

Assim ele consegue se eleger e não mede esforços para que o campo santo seja construído. Usa todos os recursos da cidade, deixando a prefeitura endividada. Construído o cemitério, Odorico promete a inauguração com o primeiro enterro, e aí se dá o problema: ninguém morre em Sucupira.

Com a oposição no seu pé, Odorico sai numa busca desenfreada por um defunto, trás pra cidade um doente desenganado, um matador dos mais terríveis, mas nada disso resolve.

Há um humor muito bem construído em torno do personagem de Odorico, um dos mais fantásticos do teatro brasileiro, fruto da habilidade incontestável de Dias Gomes. Porém, quando olhamos pelo prisma da nossa política, vemos que há nele o retrato das nossas pessoas públicas, desesperadas em se manter no poder, custe o que custar. Temos a nossa frente hoje outro desesperado, que coloca o país em liquidação, distribui entre os seus o que retira dos oprimidos. Só que ao contrário do carismático Odorico, ele não é nada bem amado.

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Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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