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A espera que nunca termina

Por Alex Ribeiro

Esperando Godot é uma peça de Samuel Beckett, e teve sua estreia em 1953, em Paris. Depois disso, a peça logo ganhou os palcos do mundo e se tornou um clássico da dramaturgia, e do teatro do absurdo.

Estragon e Vladimir estão à espera de Godot, passam as tardes nessa espera, como se fosse a única saída para suas vidas. Por que não desistem? Porque nesta tarde, com certeza, ele virá. Mas nunca vem.

Nossa dupla parece fazer um paralelo absurdo com o dia a dia do nosso tempo, até nos cair a ficha do quão absurda pode ser a nossa rotina, nossa vida. Estamos sempre fazendo as mesmas coisas e por alguma razão que, às vezes, nem sabemos ao certo qual é. Apegamo-nos àquilo e então tocamos a vida, ou melhor dizendo, estacionamos a vida.

Muito se diz que Godot poderia ser Deus e que Beckett estaria mostrando como é a relação do homem com a espera da graça divina, mas Godot poderia ser qualquer outra coisa. O certo é que os personagens depositam suas esperanças em Godot e ali ficam esperando, dia após dia, como se não houvesse vida além daquilo. Será que a vida estacionou? Qual Godot nós esperamos?

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

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Por Alex Ribeiro

Bom de te encontrar
E de repente deparar-me com teu sorriso
Esse sorriso singelamente belo
Que não espera nada de mim

Isso me deixa leve
Desenhando-me de alma despida,
Pois nem diante do espelho
Vejo-me livre da expectativa

Minha vontade é perder-me nos teus olhos
Deitar na melodia tímida da sua voz
Deixar-me levar como pluma ao vento
Que deseja regressar aos lábios teus

Sozinho às vezes eu sonho
Nas noites em que a lua se esconde
Que o silêncio noturno me deixou em paz
Que eu pude viver o que tu me trazes.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A peça Seis Personagens à Procura de Autor foi escrita por Luigi Pirandello, que além de escrever para teatro, também escrevia romances e outros gêneros literários, chegando a ganhar o Nobel de Literatura. A peça foi encenada no Brasil pela primeira vez contando com grandes nomes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker e Paulo Autran.

A peça se passa num dia de ensaio incomum de uma companhia de teatro. O diretor é interrompido no início do seu trabalho pela chegada de seis pessoas misteriosas que estão à procura de um autor para poder escrever o Drama.

Os seis personagens fazem parte de uma família, pai, mãe, filho, enteada, um rapazinho e a menina, e todos tiveram uma vida tumultuada, cheia de idas e vindas. E após muitos anos separados, encontram-se de maneira trágica e dolorosa.

O Diretor resolve então tentar levar ao palco o drama daquela família. Mas logo se vê num desentendimento insistente com os seis personagens, pois eles querem ver representada a realidade de suas dores. Consideram que o jogo de atuação proposto pelo Diretor não consegue chegar àquilo que eles consideram ser a própria realidade. Este jogo, segundo os personagens, se limita a ser apenas uma ilusão desta realidade.

É uma belíssima peça, que envolve o leitor/espectador nas dores das personagens e na inquietação do diretor em transformar tais dores em um produto artístico que possa ser representado no palco. Pirandello desvenda um pouco do fazer teatral, dando pitadas de como nascem os personagens e como é, em parte, o processo de criação de um espetáculo. E faz isso magistralmente!

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