Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

A encantadora

Por Alex Ribeiro

Mirandolina, A hoteleira é uma peça de Goldoni, com estreia datada por volta de 1753. Conta o cotidiano da hospedaria de Mirandolina e de seus hóspedes, em sua maioria aristocratas, que se veem encantados por ela.

Um Conde e um Marquês vivem disputando as atenções de Mirandolina. Ela os recebe com cortesia e se diverte com os mimos que ambos oferecem a ela. Enquanto o Conde esbanja sua fortuna, o Marquês, falido, oferece a sua honra, e não esconde a inveja que nutre pelos presentes que o Conde não poupa em dar a Mirandolina.

O aparecimento do Cavaleiro, um homem que despreza as mulheres, faz a história se movimentar. Ele acha ridícula a situação a que se submetem os dois nobres em relação a Mirandolina. E continua firme em seu desprezo em relação a ela.

Mirandolina se propõe a conquistar aquele homem que despreza as mulheres e para isso adota uma tática diferente daquela a que está acostumada a utilizar. Ao falar tudo com total franqueza, Mirandolina desarma as defesas do Cavaleiro, que não demora em se apaixonar por ela.

É uma peça que mostra como a mulher pode amolecer um coração duro e ríspido de um homem, representado pelo personagem Cavaleiro. E mostra também como os homens podem se fazer cegos quando estão apaixonados. Ninguém está a salvo de se apaixonar, nem homens nem mulheres, e quando nos apaixonamos, podemos mudar totalmente a forma de como vemos as coisas. E o ideal é que o encanto seja recíproco. E não apenas mais um jogo de poder!

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

Naquela noite, menina,
Teus lábios não eram tão vermelhos
Teus olhos não tinham a malícia
Desse teu jeito que traduz o desejo

A tua boca tinha o beijo tímido
Que você guardou em segredo
Até que a hora certa, sem medo
Chegasse pra mim, teu poeta sonhador

Você brincava com meus óculos
Meus olhos só podiam ser teus
Enquanto cantava uma canção do Renato
Tornava-me um bom rapaz, teu enamorado

E tu foste embora sem muito dizer
Eu fiquei a tua espera sem saber
Se eu poderia te escrever este verso
E mergulhar-me na tua existência

Roçar-me, então, na tua pele arrepiada
Sentir o teu suspiro entregue aos desejos
Num tempo que parou para nos ver
Dois amantes que precisam anoitecer.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A peça Campeões do Mundo, de Dias Gomes, foi escrita em 1980. Esse grande autor brasileiro se abasteceu dos inúmeros acontecimentos que foram notícias durante a Ditadura Militar, no Brasil, inserindo seus personagens fictícios nos acontecimentos político-históricos ocorridos até aquele momento.

Riba e Tânia são dois ex-guerrilheiros que, após a Lei da anistia, voltam a se encontrar. Nesse encontro, começam a relembrar tudo o que se passou com eles antes que Riba fosse exilado. Eles foram responsáveis pelo sequestro do embaixador americano, juntamente com outros dois companheiros, que foram assassinados, Carlão e Velho.

O sequestro do embaixador era um ataque político. Exigiram, em troca da soltura do mesmo, a leitura de um manifesto em horário nobre, na TV, e a libertação de 40 presos políticos. Conseguiram o queriam, no mesmo dia em que o Brasil se sagrava tricampeão mundial de futebol.

Agora, em 1979, os dois personagens sobreviventes se questionam se o que fizeram foi o certo e concluem que não fariam novamente a mesma coisa. Apesar da boa intenção, viram que a ideologia pode ser perigosa se tomada como religião.

A tensão política que permanece no texto desde as primeiras cenas traz a sensação forte de fragilidade política em que nosso país sempre esteve mergulhado. É como se a peça se passasse nos dias hoje, com uma roupagem dos anos 70. E fica aí a pergunta. Daqui a 15 anos, como olharemos para o atual cenário político e social brasileiro?

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.