Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

É, não sei amar
Sempre achei que soubesse
Mas não sei

Equívoco amante

Não sei aproveitar cada momento
Olhar nos seus olhos e ver o brilho
Essa coisa apaixonante dos poetas

Há em mim uma grande dor
Que carrego em segredo
Segredo
Que leva embora qualquer sonho
Perturbando meu sono

O meu amor é uma rosa que morreu

Mas como o sol sempre volta
Eu abro o meu peito ferido
Pra que você entre
E minhas lágrimas lavam-me por dentro
Enquanto na melodia dos soluços
Minha alma se despe inteira

Veja como é bela
A vida que se revela entre os espinhos
Repare como meu sofrimento me prendia
Como a dor é linda na sua alvorada

Mas tudo isso há de se tornar
O verso mais autêntico que virá
A dor, a rosa, o espinho
A poesia que se torna o próprio poeta
Ou
O poeta que sempre foi poesia.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A Dama do Mar é uma peça de Ibsen, escrita em 1888. Essa peça é considerada, pelos críticos de Ibsen, a sua peça mais poética. Sendo Ibsen reconhecido como o maior dramaturgo da Noruega e um dos maiores na Europa, desde Shakespeare, a peça já foi montada inúmeras vezes em todo mundo, inclusive no Brasil, além de ter recebido duas adaptações para o cinema.

A Dama do Mar conta a história de Élida, segunda esposa do Dr. Wangel, que vive numa pequena cidade balneária da Noruega. Não se sentindo pertencente à família de Wangel, pai de duas filhas já moças, Élida vive infeliz. Todos os dias ela toma banho de mar no fiorde, uma grande entrada de mar entre altas montanhas rochosas, para tentar se manter conectada à imensidão do mar. Isso se dá porque ela nasceu e viveu por muito tempo no litoral, onde o mar se apresentava em toda sua vastidão e, de certa forma, simbolizava a liberdade.

Antes de conhecer Wangel, Élida havia se comprometido com um marinheiro que passara pela sua cidade natal, Skjoldviken, e que partira em um navio, sem previsão de retorno. Mesmo tendo ela rompido com o marinheiro através de cartas, ele vem procurá-la. Ela sente uma atração irresistível por ele, como se fosse a liberdade chamando-a. Acredita que está fadada a se entregar a ele. Por fim, Dr. Wangel consegue reconquistar Élida, dando-lhe a liberdade para escolher entre ficar ou partir.

Muito se diz sobre os símbolos que Ibsen colocou na peça. Que por detrás das palavras há sempre um sentido oculto. Mas dá pra perceber como ele opõe o que é concreto, o casamento com Wangel, ao determinismo místico presente no marinheiro, ao qual Élida acreditava estar destinada. Tudo se resolve quando a ela é dado o livre arbítrio. Ibsen foi muito influenciado pela onda científica da sua época, e pode ser essa uma das metáforas da peça, a de que o determinismo ficara no passado.

Hoje, 130 anos depois, quem sabe pensaríamos diferente. Talvez quiséssemos que Élida decidisse voltar para o mar, que sempre lhe foi fascinante, se lançar na imensidão, se aventurar. É possível para nós imaginarmos uma Élida leve, que sente o frescor dos ventos marítimos tocando suavemente seu rosto numa manhã ensolarada. Esse parecia ser seu desejo mais íntimo. Entregar-se ao irresistível poder do mar.

Não se trata de uma volta ao misticismo, e sim de uma ode à liberdade. A desgastante rotina, a qual estamos acostumados, e os novos papéis assumidos pela mulher, trazendo-lhe autonomia e liberdade, podem nos fazer crer que ela deveria abandonar tudo e partir com o marinheiro. Mas Ibsen provavelmente sorriria desse nosso desejo por liberdade. E faz questão de mostrar que, estando livre, Élida pode escolher partir, como também escolher ficar. E ela escolheu ficar. Ela ou Ibsen?

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

O copo, cheio
As palavras, vazias
O silêncio continha uma dor que gritava
Um grito assustador

No seu íntimo algo não ia bem

Perguntavam sobre sua tristeza
Não, não estava triste
Deduziam o cansaço
Mas quando é que enxergariam a verdade?

Partiu, foi pra bem longe
Afastou-se de todo e qualquer
Bem querer que mal o queria
Despediu-se

Caminhou sozinho
O caminho que só a solidão poderia seguir
Doeu, caiu em prantos
Se levantou no dia seguinte

Percebera que sempre fora só
Sempre seria
Só ele poderia dar os passos
Definir o destino do seu caminho

Tomou as rédeas da sua vida
Porque afinal descobrira,
Que bem ou mal
No amargo ou na doçura
A vida é
Simples escolha.