Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Por Alex Ribeiro

Menino atrevido, homem sofrido
Se arrisca a vencer as barreiras da vida

Menino atrevido, homem sofrido
Que barreira tão forte, porém invisível

Menino atrevido, homem sofrido
Que dor em tentar, barreiras quebrar

Menino atrevido, homem sofrido
Difícil é crer que mudança haverá

Menino atrevido, homem sofrido
Sentado na calçada, lágrima a pingar

Menino atrevido, homem sofrido
Pisão que vem de cima, rasteira por baixo

Menino atrevido, homem sofrido
Não teime, fique no seu lugar.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Resenhas, Teatro

Por Alex Ribeiro

A Megera Domada é uma das primeiras comédias escritas por Shakespeare, e assim como em Muito Barulho por Nada, trata da questão matrimonial. Em A Megera Domada, o dramaturgo constrói situações leves e engraçadas que levam o público ao riso, com facilidade. Personagens interessantes, e até mesmo excêntricos, vão bailando entre as temáticas que envolvem uma relação a dois. Os jogos de poder, a guerra dos sexos, as conquistas amorosas e o próprio casamento são as situações perfeitas para que Shakespeare construa sua comédia. Essa é a primeira peça em que o enredo continua após os noivos se casarem, já que, em sua maioria, as peças de Shakespeare que abordavam a questão se encerravam na cerimônia matrimonial. Vale ressaltar que estamos falando de uma peça escrita por volta do século XVI, onde as mulheres eram submissas aos maridos e os casamentos eram, para os maridos, formas de se fazer negócio.

Baptista é um homem respeitável, pai de duas filhas, residente em Pádua, na Itália. Sua filha mais nova, Bianca, devido à sua doçura e beleza, é cortejada por inúmeros pretendentes. Porém, há uma questão que impede que ela seja desposada. A filha mais velha de Baptista, Katharina, tem que se casar primeiro, condição esta irrevogável para o pai permitir que a filha mais nova se case. A dificuldade se dá pelo gênio nada submisso de Katharina, que afasta qualquer pretendente, deixando o enlace matrimonial de Bianca numa situação de quase impossibilidade.

Já à beira do desespero, os pretendentes de Bianca veem uma luz no final do túnel. A chegada de Petruchio, um fidalgo de Verona, à procura de uma noiva, é a esperança de se arranjar um marido para Katharina. E eles se casam. E inicia-se o saboroso jogo de poder entre a indomável Katharina e o persistente Petruchio. É a partir daí que nos deparamos com o verdadeiro bufão, com requintes de elegância, que só poderia ser criado pelas mãos de um gênio da dramaturgia. Petruchio é o oposto dos demais personagens da peça, que se mostram, estes, “o esboço da mais fina etiqueta”. A Megera não suporta as peripécias do marido e acaba por ceder aos seus caprichos, tornando-se uma esposa dócil e fiel.

Talvez nos dias de hoje, Shakespeare não colocasse no palco um enredo como esse. Talvez fosse a grande mulher a domar o bufão e não o oposto. Mas isto é apenas especulação nossa. Afinal, o que acontece entre um casal, sob a proteção invisível do teto matrimonial, é o microcosmo dos conflitos humanos, seja em 1506, ou em 2000, também. E cabe ao artista escolher como contar tais conflitos. Nos risos da comédia, ou nas lágrimas da tragédia. Afinal, o teatro é um prato cheio, caro leitor. Para se esbaldar com as alegrias humanas, ou chafurdar-se nas suas misérias.

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

Publicado em Categorias Cultura, Literatura, Poesia

Voz

Por Alex Ribeiro

Quando
No passado distante
Ou a qualquer hora anteontem
Roubaram de mim o direito de ter voz
Me perdi de mim mesmo

Eu
Ingênuo
Não soube gritar
Reagir, protestar
Escutando  o tempo todo que era incapaz
Que a vida passaria por cima de mim
Esse pobre coitado

Hoje
Eu vejo
Que nada
Pode me impedir
De bater asas, partir
De amar demoradamente
Ou de passagem escrever poesias
E desaparecer

Nada
Absolutamente
Me impedirá de ser
De cantar a música da liberdade
E na ribalta do Planalto Central
Vão ouvir minha voz
Ecoando

Sou
E sempre deveria
Ser eu acima de tudo
E se por acaso qualquer dia
Me virem por aí calado
Não estranhem
Será por escolha.

 

Alex Ribeiro Lopes