A Falecida

Os atores Sônia Oiticica, Sérgio Cardoso e Leonardo Villar em montagem de A Falecida. 1953/ Foto Carlos. Cedoc/ Funarte

Por Alex Ribeiro

A Falecida é uma peça de Nelson Rodrigues que conta a trajetória de Zulmira, mulher de classe média baixa, até sua morte. Teve estreia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1953.

Zulmira vive um casamento monótono, onde seu marido, Tuninho, dá mais importância ao futebol e a seu time do coração, o Vasco, do que à própria Zulmira. Ela, cada dia mais, se distancia do marido, se descobre doente e resolve começar os preparativos do seu velório, com o desejo de, quando morrer, ter um funeral estrondoso.

À beira da morte, faz o marido jurar que vai buscar uma quantia imensa de dinheiro com um homem misterioso, para que assim o funeral do século aconteça. Quem seria o tal homem? Diante de tanta negligência do marido, seria absurdo pensar que a Zulmira tivesse um amante rico?

Outro ponto de conflito dessa mulher mal amada é sua prima e vizinha, Glorinha, que desperta em Zulmira uma raiva muito intensa e venenosa. Seria inveja? Ou será que Glorinha descobriu algo que não podia? Parece que Zulmira não pode mais viver em paz com a sua prima, ali, morando ao lado. Com um silêncio extremamente incômodo.

Zulmira morre e o marido, desempregado, vai atrás do dinheiro. Será que, finalmente, pelo menos o seu último desejo será atendido pelo marido?

Mais de sessenta anos depois da estreia da peça, os relacionamentos a dois continuam sendo o motivo de infelicidade de muitos casais. Afinal, qual o motivo de duas pessoas estarem juntas? Que esperam elas uma da outra? O teatro, essa arte mágica, mostra que as relações têm nuances tão precisas e tênues que às vezes passam despercebidas pelos próprios envolvidos. O teatro faz uma lente de aumento no miudinho da vida.

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Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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