O Ciúme da Ciumenta

Por Alex Ribeiro

O Ciúme da Ciumenta é um esquete teatral de Antônio Roberto Gerin, escrito em 2017. Este esquete é mais um recorte de vida do cotidiano de um casal, Sonsino e Pacífica, que se transforma, primeiro em palavras, na bela literatura de Antônio Roberto Gerin, e depois em cena teatral, compondo juntamente com A Mulher do Marido e O Casamento do Marido, o espetáculo Até que o Amor nos Separe. Este espetáculo tem estreia marcada para o dia 8 de fevereiro de 2019, no Teatro Goldoni, com direção do mesmo Antônio Roberto Gerin, e no elenco Alex Ribeiro e Leivison Silva. Nesse belo esquete, vemos revelada mais uma noite do nosso casal de protagonistas, que vivem dividindo o espaço do lar com um hóspede invisível, porém, nada silencioso, o ciúme.

Sonsino, após uma noitada de cervejas com os amigos, entra em casa às duas horas da madrugada e encontra pela frente sua mulher, Pacífica, furiosa. Ela já sabe que no porta-luvas do carro do marido tem uma calcinha. Tomada de descontrolado ciúme, faz de tudo para que o marido lhe entregue a chave do carro, para que ela possa ir verificar se a denúncia, que a consome, é verdadeira. O marido nega a existência de qualquer peça íntima feminina em seu carro, mas, mesmo negando, recusa-se a entregar a chave. Se nada deve, por que não entregar a chave e acabar logo com essa discussão?

O ciúme de Pacífica, como todo ciúme, faz com que ela rememore várias falhas e deslizes de Sonsino, que, por sua vez, nega de forma tão veemente que é quase impossível ao público se posicionar e torcer para um ou outro. Ao mesmo tempo, Pacífica não parece acreditar no que diz seu marido, e mais, não parece acreditar que ele tenha coragem de negar os fatos levantados por ela. Será mentira o que diz Sonsino? Será exagero a forma com que Pacífica acusa o marido? Aí está o segredo do humor leve e ácido que Antônio Roberto Gerin constrói no texto, dando aos atores não só a possibilidade de encenarem bons personagens, mas também de se divertirem com eles.

Além das peripécias do casal Sonsino e Pacífica, apresentados aqui nessa resenha, o esquete não deixa de ter uma veia dramática consistente, o que dá aos personagens e à situação uma sensação de realidade muito forte. Essa sensação permite que identifiquemos Sonsinos e Pacíficas num vizinho, amigo, parente ou até em nós mesmos. Mas, calma, caro leitor, pois aqui tudo é tratado com leveza e humor, deixando o esquete divertido e agradável, mesmo que se vejam nele a vida de muitos casais. A relação a dois sempre tem lá seus conflitos. Portanto, se é o ridículo a dois que nos é mostrado, vamos rir, também, a dois. Mesmo que seja com uma pulga atrás da orelha.

Clique aqui para conhecer os textos teatrais de Antônio Roberto Gerin, dramaturgo da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto.

A Mulher do Marido faz parte do espetáculo Até que o Amor nos Separe, que estreou dia 8 de fevereiro de 2019, no Teatro Goldoni.

Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

Deixe um comentário