Cyrano de Bergerac

Por Alex Ribeiro

Cyrano de Bergerac é uma peça de teatro escrita por Edmond Rostand, que teve sua estreia aos 27 de dezembro de 1897, na França. O personagem principal, que tem o mesmo nome da peça, foi inspirado no escritor francês Hector Savinien de Cyrano de Bergerac, que viveu no século XV. A peça foi montada com surpreendente frequência, a ponto de Cyrano passar a ser um personagem do universo popular francês, uma vez que o personagem traduzia os valores daquele povo que, consequentemente, passou a se identificar com o nosso protagonista. Houve também montagens teatrais e adaptações para o cinema que circularam pelo mundo em todo o século XX. No Brasil, Cyrano ocupa os palcos tupiniquins a partir de 1909 e, a partir de então, nunca mais se separa deles. Cyrano de Bergerac é, com certeza, um dos personagens mais interessantes que a literatura teatral já nos presenteou.

Cyrano é um exímio espadachim e poeta, repleto de valores e dono de um carisma sem igual. Ao mesmo tempo que arranca aplausos de quem escuta suas belas palavras, em versos, criadas por esse poeta de espirituosidade ímpar, demonstra humildade e benevolência com o povo mais simples que o cerca.  Sua natureza era, ao mesmo tempo, selvagem e doce, de uma pureza poética e de uma força virtuosa. Quem quer que o visse poderia imaginá-lo um homem capaz de conquistar o mundo, porém, havia nele um ponto por onde toda a sua virtude se esvaía, pois achava-se feio e, por isso, incapaz de ser amado.

O avassalador Cyrano se vê apaixonado pela bela Roxana, a jovem mais linda em que seus olhos poéticos já puderam repousar. E que amor toma conta de Cyrano! Porém, sua musa já está enamorada de outro, o belo e vazio Cristiano. Que, aliás, também fazia parte do regimento do nosso poeta. Após os dois travarem forte amizade, Cristiano pede ajuda a Cyrano para conquistar Roxana.

É então que o apaixonado Cyrano abre mão do seu amor para ver a felicidade da amada. Fala e escreve a ela em nome do seu rival e amigo Cristiano, deixando Roxana perdidamente apaixonada por ele. Ela ama a Cyrano, sem saber, na pessoa de Cristiano. Em meio a essa complicada história de amor, uma guerra acontece, e entre batalhas e versos, Cyrano triunfa no ápice do seu amor por Roxana. Cartas repletas de amor avassalador partem do campo de batalha, assinadas no pseudônimo Cristiano.

Cyrano sobrevive, Cristiano morre em batalha. Seria a oportunidade para que enfim o amor fosse revelado, mas nosso herói mantém o segredo até os últimos instantes. Agora, passados os anos, enfraquecido, na miséria e com muitos inimigos, os quais nutriam por ele ácida inveja, Cyrano visita a viúva Roxana todas as tardes, que ignora o sentimento secreto do nobre amigo. Quanta força para guardar um segredo! Quando Roxana descobrir, já será tarde demais.

Cyrano de Bergerac é acima de tudo um personagem incrível, que tem em torno de si uma belíssima dramaturgia. Ao ler e assistir a personagem como esse, podemos resgatar em nós o que temos de mais valoroso em nossa humanidade. Cyrano está num nível acima dos conflitos, das misérias, das desgastadas relações que se estabeleceram entre nós, homens e mulheres do século XXI. Cyrano de Bergerac não é nenhum santo, pelo contrário, é demasiado humano e, por isso, humanamente sublime. Por essa razão, caro leitor, que o teatro é de fundamental importância. Ele nos faz ver que para sermos melhores não precisamos ser perfeitos ou divinos. Precisamos apenas sermos quem somos. Humanamente nós mesmos.

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Autor: Alex Ribeiro

Ator da Cia de Teatro Assisto Porque Gosto, psicólogo, poeta.

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